segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Manuelinho

Manuelinho
(1º de Dezembro de 2012)
©Joaquim Palminha Silva

Um vento húmido percorre as ruas
no chão batem cascos de cavalos
e passos assustados denunciam gente descalça a caminhar no medo!
Há bolor no ar…
Apagam-se velas.

Um cavaleiro que vive de bagatelas
Já na ferrugem
mira a espada encostada a um canto da vida…

Entre gritos chovem as apostas
sobre a corrida de Alcácer-Quibir…

O desgosto precipita-se a olhar para trás
a ver se alguém o segue.
Carradas de piedade
montes de suplicas
trazem as igrejas cheias de gente
e de pavor…

São os espanhóis, são os espanholzitos
os olé, olé, olé!

O ambiente exige obediência à tragédia.
Chupistas ambíguos passam a fronteira
e apontam o dedo na direcção do saque.

Eis as ruas desertas…

Agora parou o vento…
E o Jesuíta perfeitamente missionário
corre o risco de falar ao Povo…

Um demente salta do meio da turbamulta esfarrapada
gigante desmanchado que assume a responsabilidade…
Seja do que for!

E o dia português tomba sobre as pessoas
imediato e madrileño
hasta la muerte.

A cidade chora pingona…

Pueblo inferior?
- Es muy posible…

Sin embargo…
Importa que el empujón que vendrá de Évora
no nos coja dormidos!

Aclamação de D. João IV, quadro de Veloso Salgado, Museu Militar, Lisboa

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