segunda-feira, 19 de novembro de 2012

CONSIDERAÇÕES MARITIMAS

Considerações marítimas
©Joaquim Palminha Silva

Os ingleses usam uma palavra especial, o verbo to hand, para significarem a transmissão do património cultural e moral recebido dos tempos passados e legado depois às gerações que vão surgindo. É como quem diz: - Passa de mão em mão, mas não se perde…



De facto, compreende-se melhor esta realidade quando temos filhos, que nos obrigam inelutavelmente a alongar o olhar, a perscrutar o futuro… E se já não temos pais, sentimos então vivamente que somos o elo de uma cadeia sem fim: - Pelos filhos, vem-nos a consciência da responsabilidade do futuro que estamos a assegurar, bem como a têmpera que soubermos dar às almas nascidas de nós; pelos pais mortos vem-nos mais forte a responsabilidade da herança recebida e de cuja guarda nos hão-de ser pedidas contas rigorosas.



O que verdadeiramente caracteriza a acção de comando desta tripulação (CDS-PSD-PS), diria “matulagem” (como que falando de piratas!) da nau Portugal (governo/oposição/governo/oposição) é o seu desprezo pela “herança dos pais”, bem como o não quererem saber do futuro dos filhos! O que caracteriza toda esta gente, face às atribulações da hora tormentosa é que, como ásperos flibusteiros, estão prontos a esfaquearem de frente e pelas costas o seu próprio Povo, de forma a agradarem aos estrangeiros que lhes passaram “carta de corso”, na mira de um eventual saque suplementar da nau Portugal, antes da debandada dos ratos e quando já não forem membros da sua tripulação!
 
 
Os ventos de todos os mares do globo empolaram as velas das nossas caravelas e nenhum povo da Terra, depois do povo romano, cometeu mais espantosas façanhas. Abrimos à civilização ocidental os itinerários marítimos, dominámos nos confins do mundo os despóticos potentados asiáticos. Durante dois séculos estivemos sob o efeito prático do delírio do sublime e do épico!



Grécia e Roma clássicas tiveram de criar pela imaginação a história mitológica dos heróis sobre-humanos. Em Portugal, não precisámos de inventar deuses nem heróis. A nossa mitologia foi uma realidade (sangue, suor e lágrimas!): - Chama-se epopeia dos Descobrimentos! Vasco da Gama é o nosso Ulisses; Afonso de Albuquerque, o nosso Aquiles. O nosso Homero, Luís de Camões! Temos mesmo uma Odisseia, Os Lusíadas!



Dito isto, é preciso que não desviemos os olhos da pilhagem que uns piratas principiaram a executar, da proa à ré, na nau Portugal



Olhemos a Pátria com olhos de ver! – Sabemos que ela é pobre. Pobre, porque os que estiverem no governo da nau viveram mais no arrebatamento da pirataria do que na faina de contribuir para melhorar a vida da colectividade… calafetando a embarcação a tempo e horas!



Apesar do pesado tributo que pagamos pelos erros que não foram nossos, saibamos honrar o nosso legado. - É essencial que se tracem as proporções a que devem obedecer, para serem dignos do passado, do presente e fiáveis face ao futuro, os que o “destino” mandou subirem à nau Portugal, para a pilotarem no meio da tempestade!



Nas actuais circunstâncias, concentrarmo-nos na imobilidade hedionda do egoísmo e da apatia, é trair o passado e hipotecar o futuro, deixando o presente como saque à vista para a chusma de piratas que nos assediam, nacionais e estrangeiros!

Diante desta catastrófica situação, justifica-se, quanto antes, um forte e organizado motim a bordo!
 
 
 
In MAIS ÉVORA
 

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