domingo, 6 de fevereiro de 2011

ÉVORA ESPERA A SUA VISITA

ÉVORA ESPERA A SUA VISITA


Atravesse a Praça do Giraldo no sentido do Banco de Portugal e siga as arcadas até ao fim.


Passe o Largo de São Vicente e desça a pitoresca Travessa da Caraça até ao Largo da Graça, marcado pela fachada maneirista da igreja do convento. Fundada no século XVI por D. João III, são célebres os quatro atlantes bíblicos as sua frontaria. A chave está na anexa messe dos oficiais. Regresse pelo mesmo caminho, veja as lojas de artesanato de cobre do Largo Álvaro Velho e passe para o Largo da Misericórdia, frondosa praça que os jacarandás perfumam e pintam de azul na Primavera.



A Igreja da Misericórdia, com portal rococó, tem notáveis retábulos de talha dourada e painéis de azulejos históricos datados de 1716. Para visitar, contacte a Santa Casa da Misericórdia, Rua Mendo Estevéns, 6. Prosseguindo, chega ao Largo da Porta de Moura, enquadrado desde o século XVI por solares onde habitavam eminentes figuras da aristocracia da região.


                                                   

A fonte, que recebeu as primeiras águas do Aqueduto da Água da Prata em 1556, é uma bela peça renascentista de mármore regional, provavelmente concebida por Diogo Torralva, à data conservador do aqueduto. Evocando memórias de outros tempos, nela se encontram as marcas ancestrais dos cântaros nos muretes e um chafariz de cavalos. Aprecie e arcada gótica e o mirante mudéjar do Paço dos Morgados Cordovil e, no inicio da antiga Rua da Mesquita, não deixe de ver a barroca e robusta Porta dos Nós da Igreja do Convento do Carmo, primitivo Paço dos Duques de Bragança.
                                                               
O percurso que fez até agora ladeou, pelo exterior, a primitiva cidade, amuralhada pela Cerca Velha, que, neste ponto, era defendida por duas torres, subsistentes, da Porta de Moura: a Torre de S, Manços, com uma pequena capela cheia de frescos e azulejos, e a do antigo Palacete do Conde da Serra da Tourega. Subindo a Rua de S. Manços, franqueia a Cerca Velha rumo à Acrópole. Contemple o trabalho da janela manuelina da casa de Garcia de Resende, considerada a mais bela da cidade, e embrenhe-se pela zona das Freirias, onde abundam portais góticos e grelhas de tradição árabe. Seguindo a Freiria de Baixo, encontra, no Pátio de S. Miguel, o palácio dos Condes de Basto. Solar acastelado assente na muralha romano-visigótica, foi morada dos primeiros reis portugueses e nele se reflecte a evolução estilística eborense, do romano ao renascimento e manuelino-mudéjar. Os esgrafitos que decoram a fachada são os mais antigos de Évora.

A partir do Largo, faça uma incursão de ida e volta à universidade. Passeie no claustro e procure ver a Sala dos Actos e as antigas salas da aula decoradas com azulejos do século XVIII alusivos às matérias leccionadas. Na anexa Igreja do Espírito Santo, a sacristia oferece azulejos quinhentistas verdes e brancos e frescos representado cenas da história da Campanha de Jesus e da vida de Santo Inácio de Loiola.

De novo no Pátio de S. Miguel, tomando agora a Freiria de Cima, retoma o caminho da Sé. Pare no n.º 17 do Largo Dr. Mário Chico, Solar dos Condes de Portalegre, e espreite o espaço da Galeria de S. Miguel – Arte e Atrelagem.

A entrada para o Largo do Conde de Vila Flor faz-se sob arco redondo que une a Biblioteca Pública e o Museu Regional instalado no Antigo Paço Arquiepiscopal. Chegou ao topo da Acrópole. Contornando-a pelo lado direito, surgem sucessivamente: o Convento dos Lóios, actual pousada, fundado no século XV sobre as ruínas do castelo medieval, com um claustro de arquitectura manuelino-renascença e uma notável porta da Sala do Capítulo, estilo mudéjar alentejano; a Igreja de S. João Evangelista, com um portal gótico flamejante a pronunciar uma grande beleza interior, e o Palácio dos Duques do Cadaval, enquadrado por duas torres medievais (a pentagonal conhecida por Torre das Cinco Quinas).

Dominando o largo, o Templo Romano, ex-líbris da cidade, é um magnífico exemplar da arquitectura greco-romana dos séculos I-II, que se pensa dedicado a Júpiter ou ao culto dos deus-imperador. Sofreu inúmeras tribulações ao longo dos tempos. Foi torre militar do sistema defensivo medieval e açougue municipal, até que, no século XIX, foi liberto das paredes envolventes, o que deixou à visita as originais colunas e capitéis.

No Jardim de Diana, assente sobre um troço de Cerca Velha, alguma estruturas de mármore recordam o Simpósio da Pedra, realizado nos anos 80. Oferecer um ampla vista sobre o Bairro da Mouraria, os moinhos do Alto de São Bento, o Convento de S. Bento de Cástris, o traçado ziguezagueante do Aqueduto da Água da Prata, o Convento da Cartuxa e, mais à direita, o Convento do Espinheiro, aqui pode vêr com os seus prórios olhos uma oliveira que tem mais de mil anos. Segundo a lenda, ali apareceu a um dos monges, Nossa Senhora do Espinheiro.

Prosseguindo na volta ao largo e colocando-se de frente para o Templo Romano, tem à direita o Palácio do Amaral, actual Governo Civil e PSP, com um belo friso esgrafitado; depois do templo, o Palácio da Inquisição, onde se condenaram mais de 22 000 almas e que a Universidade de Évora transformou em departamento de pedagogia. Na actual residência dos padres jesuítas, merece visita o fresco das Casas Pintadas. Para visitar toque no n.º15 da Rua Vasco da Gama.


                                         

Finalmente, a Sé Catedral de Santa Maria, fundada no século XIII. O interior, em planta de cruz latina com três naves de altura desigual, é marcado pelo cruzeiro com torre-lanterna, a jóia arquitectónica da sé. Na nave central, aprecie o órgão de tubos, do século XVI, do mestre italiano Oldivini, o altar barroco com a estátua gótica de Nossa Senhora de Ó, de mármore policromado, e o Anjo da Anunciação, de madeira estofada, atribuído ao flamengo Olivier de Gand. O claustro, obra-prima do estilo ogival do País, mantém na sua capela tumular preciosas esculturas. No Museu de Arte Sacra, merecem especial atenção a imagem de Nossa Senhora do Paraíso, tríptico gótico de marfim (século XIV), a colecção de painéis primitivos portugueses do ciclo gótico-manuelino-renascença, o dossel persa, quinhentista, da Ordem de Avis e a cruz-relicário do Santo Lenho, que esteve na Batalha do Salado, em 1340.

Desça para a Praça do Giraldo pela Rua 5 de Outubro, entre casas antigas e lojas de artesanato. Espreite o Beco do Espinosa, repare nas colunas dos n.ºs 43-47, correspondentes à entrada do antigo poço da cidade, e, mais abaixo, no nicho da Santíssima Trindade, datado de 1 de Novembro de 1755, também chamado do Senhor Jesus dos Terremotos. Logo a seguir, a Torre de Selaria, pentagonal, e as duas alcárcovas assinalam as mais antigas fronteiras da cidade.
 

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