A mortalha
Junto ao jardim abandonado
Andava o ti Berto desolado
Estava triste e magoado
Um maltês o tinha enganado
Ficou na muralha encostado
E à frente do mesmo lado
Estava o ti Toino reformado
Num banco de pedra, sentado
Já com o rosto enrugado
Tinha o cabelo encaracolado
E um pouco desarrumado
Vestia com muito cuidado
Parecia um pouco perturbado
E fumava um cigarro enrolado
O ti Berto queria fumar
Só tinha o tabaco picado
Foi pedir ao ti Toino
Uma mortalha para o fazer
Ele olhou-o desconfiado
Mas,
Tirou do bolso com cuidado
A mortalha desejada
Como o ti Berto estava cansado
Sentou-se no banco moldado
Que era tosco e lascado
E logo a mortalha virou
E o cigarro enrolou
Fumaram seus cigarritos
Falaram dos seus netitos
E, ainda-bem-não
O ti Toino sentia saudade
Dos tempos de rebanhista
E do seu belo pelico
Entrementes…
Caminhando a gansear
Passa um galhapana
Conhecido por titeriteiro
Que tinha um bichoco
E em tempos foi capinha
O ti Berto que o conhecia
Sabia bem quem via
Era o primo do maltês
Que o enganou uma vez
Ficou logo derramado
Levantou-se e abalou
E o ti Toino amargurado
Sentado ficou…
22-06-2021
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