quinta-feira, 3 de março de 2011

"O CARTEIRO"

O CARTEIRO



Lá vem o carteiro com seu ar prazenteiro, distribuir o correio. De mala ao ombro, mil segredos ela esconde. Na mão transporta cartas, de amor de penhor, de desamor de alegria de tristeza, igualmente a boa nova de um nascimento, ou uma triste notícia. A paixão de um grande amor ou a decadência de uma relação já sem solução.

Também se juntam na mesma mala os amigos e os inimigos.

Aí se a mala falasse? De certo contaria, talvez fizesse, do carteiro seu confidente. E daí para a frente se estabeleça um diálogo entre carteiro e a sua mala.

-Como estava hoje a D. Maria, a moradora do nº 8 da rua da Alegria? Ela estava bem disposta? Ela sorriu para o envelope, decerto agradou-lhe o remetente! Boas novas boas novas. Estou mais aliviada. Ufa, ainda tenho o espaço muito preenchido, preciso que entregues mais umas cartas. E se fores já entregar a carta àquele senhor velhote, que vive sozinho, para ele ficar mais animado! E não te esqueças pergunta pela saúde dele como vês somos nós os dois os únicos que o visitamos e as horas custam muito a passar, para quem não tem ninguém, e aquela jovem que está sempre à janela esperando por nós, se calhar espera, notícias de amor.

-Mala amiga e minha única companhia, não achas que estás a ser um pouco indiscreta! A nossa missão é apenas a de entregar as cartas na morada certa.

-Pois, pois dizes bem na morada certa, agora não te distraiais ainda trocas a correspondência e depois é que são elas.

-Descansa que eu estou atento, e além disso eu conheço já os moradores da zona

Estou a ficar um pouco cansado já andei tanto.

-Queres um conselho vai levar já o correio à tasquinha da esquina, sempre podes fazer uma pausa e beber um refresco para ficares com mais energia.

-Boa ideia, boa ideia, quando queres és minha amiga. Claro que eu também o sou, não te sentes mais livre.

-Claro que respiro muito melhor. Dá para perceber que vais perto de um jardim cheira tão bem a flores, e até se ouvem os passarinhos. Como é bela a vida ao ar livre, não achas?

-Tu dizes isso porque não te lembras quando está a chover, ou a fazer um grande frio e com muito vento que custo a carregar-te, fico sempre com medo de te deixar cair.

-Obrigada, pelo teu cuidado não tinha pensado nisso. Estava convencida que o teu maior problema era na época do verão seria o calor a dificultar-te a vida.

-Boa amiga estamos a chegar ao fim da entrega, e esta última parece que é para uma grande festa; não me digas que é para um convite de casamento!

-Sabes amiga gosto muito de festas.

-Não me diga que quer casar comigo?

-Não é preciso nós já somos inseparáveis, não podemos viver um sem o outro e somos muito felizes.


Évora 6/3/2007

Rosa Casquinha

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